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Zine de Pão

Caderno de notas sobre farinhas, leveduras e temperaturas

Zine de Pão

Caderno de notas sobre farinhas, leveduras e temperaturas

04.Nov.14

O ano que (quase) passou

   A inactividade deste blogue nos últimos meses, ou vá lá, quase ano deve-se a muita actividade no resto da vida. Para ser sincero, nem me lembro da última vez que fiz pão em casa. Aliás, lembro-me e foi no início do verão. Muito se tem passado na minha vida privada, a nossa filha nasceu o ano passado e como todos os pais aí fora sabem, a vida fica de pernas para o ar. Estive de licença de paternidade desde o início deste ano até há coisa de um mês, desengane-se aquele que pensa que licença de paternidade é sinónimo de tempo livre, pelo contrário, e durante o mesmo período e trabalhei com outros projectos, começámos a cultivar vegetais numa horta comunitária na qual tivémos de investir um bom bocado de tempo (e na qual devíamos ter investido mais), eu comecei a fazer uns rascunhos dos quais poderia/pode resultar um livro sobre pão, e nos curtos minutos vagos nos quais podia conversar com os meus botões comecei a maturar uma decisão e uma ideia na minha cabeça: a ideia de virar padeiro a tempo inteiro.

 

   Em Agosto deste ano decidi que queria ser padeiro a tempo inteiro. Provavelmente é uma decisão que já estava feita há algum tempo na minha cabeça, mas o distanciamento do meu trabalho e o nascimento da minha filha ajudaram a que essa decisão fosse mais fácil agora. Pedi licença sem vencimento no trabalho e comecei à procura de emprego como padeiro. As primeiras respostas foram bastante negativas, muitas padarias aqui não viam com bons olhos contratarem um tipo que nem sequer formação oficial tem, sabendo ao mesmo tempo que a formação que existe é precária e mais virada para a indústria do que para a padaria artesanal. Decidi então que talvez fosse boa ideia candidatar-me à formação e aí a resposta ainda mais negativa foi: 'tu tens um nível de educação demasiado alto para entrar num curso de formação profissional". Estava o caldo entornado.

   

   Não desisti, continuei a enviar e-mails, a contactar padarias e padeiros. Por último, escrevi um artigo no cúmulo da minha ira sobre o sistema de educação que não permite a pessoas reeducarem-se noutra profissão. O artigo ganhou alguma popularidade quando o Sébastien Boudet, padeiro e que é famoso da TV aqui, escreveu sobre a situação no blogue dele. Coisas do caneco, acabei a ser contactado pela esposa de um padeiro caseiro que eu tinha conhecido num curso de pão há três anos e tal (escrevi sobre o curso aqui na Zine). Chamem-lhe destino ou outra coisa qualquer, mas o mesmo casal estava a preparar-se para abrir uma padaria e à procura de um padeiro que tivesse experiência profissional para os ajudar. Encontrámo-nos em Setembro e eles explicaram-me o projecto, mostraram-me a casa que vai ser padaria e café (a da fotografia) e eu fiquei apaixonado por tudo. Eles perguntaram-me se eu estava interessado em trabalhar com eles e a resposta, após uns dias de meditação, foi "Claro que sim!".

   

   Foi assim que me tornei padeiro a sério e daqui a umas semanas vou começar a trabalhar como padeiro a tempo inteiro na Enskedeparkens Bageri! 

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